terça-feira, 11 de agosto de 2015

Desordem do Colapso das Colônias (DCC)

Desordem do Colapso das Colônias (DCC) 

Fábia de Mello Pereira
Pesquisadora da Embrapa Meio-Norte

No início desse ano várias reportagens sobre o repentino sumiço de abelhas nos Estados Unidos e na Europa deixaram alarmados os produtores, ambientalistas, pesquisadores e público em geral. Desde então muito se tem questionado sobre os efeitos do aquecimento global e mesmo dos plantios de culturas transgênicas nesse sumiço. Por outro lado, existe o temor que esse problema venha a acontecer no Brasil, prejudicando não somente a apicultura, mas a produção de todas as culturas que utilizam os serviços de polinização das abelhas, como maçã, melão e laranja.
A Desordem do Colapso das Colônias é caracterizada pela ausência de abelhas vivas ou morta na colônia, mas com a presença de crias e alimento, podendo ser encontrado, em alguns, uma pequena quantidade de operárias e a rainha dentro da colmeia. Em caso de colônias que estão iniciando a DCC, observa-se uma quantidade de cria maior do que a capacidade das operárias de cuidarem das mesmas, concentração de operárias novas na população da colônia, a presença da rainha e uma relutância da colônia em consumir o alimento energético ou proteico fornecido. Não se sabe, ainda, as causas da DCC, mas as maiores desconfianças incidem sobre uma nova doença que acomete as abelhas, envenenamento por defensivos agrícolas, desnutrição, alto nível de consanguinidade e estresse.
Segundo o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, órgão responsável por informar oficialmente a ocorrência de problemas sanitários animais e vegetais no Brasil, até o momento a Desordem do Colapso das Colônias não foi detectada no país. De qualquer forma é preciso que os produtores fiquem atentos e procurem auxílio técnico para qualquer problema de sanidade que encontrem em suas colônias, com o intuito de investigar as causas.
É importante que se deixe claro que problemas de doenças, morte de abelhas e mesmo abandono de colônias acontecem no Brasil, mas as causas são conhecidas e os sintomas são bem diferentes dos causados na Desordem do Colapso das Colônias. Em geral, a aplicação de agrotóxico é a principal causa da mortalidade de colônias no Brasil. Contudo, existe também a mortalidade por consumo de plantas tóxicas (em especial o barbatimão e o falso barbatimão), morte por fome e por doenças conhecidas.
O abandono das colmeias é outro fator que provoca perda aos apicultores. Nesse caso as abelhas (operárias e rainha) vão embora da colmeia, podendo ou não deixar o alimento e as crias para trás. Esse problema é sempre é precedido de uma situação de estresse (condições ambientais desfavoráveis, manejo inconveniente, falta de alimento ou ataque de predadores). No Nordeste, em períodos de estiagem prolongada, é possível que o apicultor perca até 100% de suas colônias. A principal diferença dessa perda e da DCC é que no abandono os favos deixados para trás são imediatamente atacados por inimigos naturais (como a traça da abelha) e por abelhas de outras colônias para saque. Na DCC isso não acontece, a colmeia vazia passa algum tempo sem ser atacada por inimigos naturais ou saqueada por outras abelhas, sugerindo haver alguma substância tóxica ou repelente na mesma.

Como as causas do problema ocorrido nos Estados Unidos e Europa ainda não estão esclarecidas, é difícil saber se existe possibilidade da DCC chegar ao Brasil, sendo importante acompanhar de perto os resultados das pesquisas nos outros países para que possamos tomar as providências necessárias e evitar que nossas abelhas sejam atacadas por esse mal. 

Fonte: clique aqui.

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